sábado, dezembro 20, 2008

Final de ano


Este ano foi muito especial para mim. Visitei muitas escolas, conversei com os meus leitores e participei de vários eventos literários.
E chegou o final de ano, tão ligeiro.
Lembrei das festas da comunidade japonesa, de nome"bounenkai". Ainda era criança, num desses encontros, um senhor fez o discurso e explicou que essa palavra traz os ideograma "esquecer" , "ano" e"encontro". Então, era um encontro para se esquecer as coisas difíceis, deixar para trás e recomeçar.
Deste ano quero me lembrar de tudo com muito carinho.
E desejo à todos uma boa passagem de ano.

Desenhos da Caro

Minha sobrinha Carolina (com 10 anos) está aprendendo desenho numa escola. Os dois quadros em grafite são dela. Na maioria das vezes, ela gosta de rabiscar no estilo mangá. Dou uns conselhos, digo que o melhor para se aprender é copiar do real. Mas, quando eu tinha menos de 10 anos, ainda morando no meio do mato, até mandei uma história em mangá para o Japão. Depois de um tempo chegou uma carta da redação, dizendo que estavam felizes por eu ter enviado um trabalho de tão longe, que era para continuar estudando.
De um lado fiquei triste por não ter dado em nada e feliz por saber que os desenhos chegaram em algum lugar, alguém tinha visto e havia todo um mundo para onde caminhar.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Sensações e fragilidade

Quando frequentei os Laboratórios Literários do Museu Lasar Segall, entrei muito em contato com as memórias da infância. E, não parei.
Outro dia, fui mostrar um dos projetos para um grande ilustrador/autor que admiro muito. E ele fez um comentário — que a fragilidade do rafe estava se integrando muito bem à história que fala das sensações mais simples, das primeiras brincadeiras de infância. Apesar de já estar planejando usar a expontaneidade do rascunho, a definição dele foi de uma clareza que me impressionou.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Catálogos













Saíram dois catálogos bem bacanas. Um deles é do 6º Traçando Histórias, mostra de ilustrações que acontece em Porto Alegre. E o outro é da SIB — sociedade dos ilustradores do Brasil— Ao todo são 40 ilustradores participando e este catálogo pode ser adquirido por aqueles que se interessam por ilustrações, mais especificamente na àrea de Literatura Infanto-juvenil. Maiores informações podem ser obtidos no site da própria Sib.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Aquarela






Antes eu procurava saber qual seria um bom papel para a aquarela e buscava também a melhor marca de tinta. Diziam que em pastilha era melhor que em bisnaga. Pois então, comprei esses. Mas, agora, uso o que tenho por aqui, aquarela, guache, tinta pra sumiê... e quanto ao papel, tenho usado qualquer um, até mesmo o sulfite comum. Claro que cada papel dá um efeito diferente.

terça-feira, novembro 25, 2008

Rascunho e finalizacão


Na hora da finalização, cheguei a copiar o rascunho, mas a expontaneidade dos primeiros traços é quase impossível de se conseguir. Optei por limpar um pouco no computador e aproveitar alguns rabiscos iniciais. Este é Muli, um monstrinho muito... travesso? tímido? engraçado ou medonho? O meu maior desejo é que as crianças se identifiquem com ele.

Aquarela e o computador

















Para cada livro busco uma técnica, aquela que melhor expressa o espaço onde os personagens irão viver suas histórias. Ou, seja, a técnica é apenas um recurso para contar uma história. Desta vez, não escapei de usar alguns recursos do photoshop.
Fiz uma montagem de duas imagens, um vale e uma névoa amarelada em aquarela, depois fui apagando, deixando visível somente algumas partes. Ficou amarelo demais? Dá para alterar isso também.

sábado, novembro 22, 2008

Mostrando a cara



Esse que espia é o personagem do meu próximo livro. Tanto demorou para dizer qual era a história que queria viver, que eu pensei, ele deve ser tímido. Continuei achando isso, mesmo depois que a história já estava pronta. Mas, quando mostrei o boneco (lay-out do livro) para os amigos, ninguém viu traços de timidez no personagem. E só então eu soube, na verdade ele já tinha se transformado, eu é que não havia me dado conta.
O livro deve ficar pronto lá pra março de 2009.

Ainda em Porto Alegre























No "6º Traçando Histórias", foram tantas as atividades que saía de uma oficina e entrava em outra, depois vinha algum debate, mesa redonda, bate-papo com os leitores... Sempre falando sobre literatura Infanto-juvenil e ilustrações. Nos intervalos, o assunto continuava. E graças à gentileza dos amigos, recebi umas fotos desse encontro que deixa sempre com um gostinho de quero mais.

sábado, novembro 15, 2008

Detalhes de Porto Alegre


Foram 4 dias em Porto Alegre, mas eram tantas as atividades ligadas à Feira de Livros que apenas numa das manhãs pude apreciar os parques. O que mais me chamou a atenção foram as árvores (não eram ipês)com o chão forrado de amarelo. E as sombras se deitavam na maciez das pétalas.
E no meio do passeio, quando me sentei num banco, reparei na casinha de joão-de-barro. Uma, duas, três... várias. Ou melhor, uma em cada poste. Seria um condomínio?

domingo, novembro 09, 2008

Traçando Histórias

Estou indo para Porto Alegre participar do "Traçando Histórias", evento paralelo à Feira de Porto Alegre. É uma exposição com 40 ilustradores e por três dias acontecem palestras, oficinas, debates, tudo em torno da ilustração na Literatura Infantil e Juvenil. Dois anos atrás estive lá e desta vez vou dar uma oficina no dia 12, às 14 horas. Quem vai uma vez, é difícil não querer repetir. Creio que não temos outro espaço onde podemos discutir tanto sobre as imagens narrativas. E a feira que acontece na praça é um charme, o pessoal de lá muito receptivo e organizado.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Imagens que sugerem

O que diz a imagem ao lado? Com essa ilustração, consegui substituir algumas das frases... assim, vou cortando as palavras, deixando só o essencial. E, na cena seguinte, o mesmo chinelinho aparece num cenário mais completo.





Você consegue imaginar algo mais sobre o quarto e quem dorme nessa cama?

segunda-feira, outubro 20, 2008

Simplicidade

Assim como numa viagem em que levo coisas a mais na bagagem, assim como quando me preparo para falar em público e o que tenho a dizer me parece pouco... Muitas vezes elimino traços que poderiam ficar, o rastro da expontaneidade.
Simplicidade é bem difícil de se alcançar.

domingo, outubro 12, 2008

PNBE

Durante a semana recebi uma ótima notícia. "Histórias de Mukashi" da editora Elementar e " Histórias Tecidas em Seda" da Cortez foram selecionados pelo PNBE. Isso significa que os livros serão distribuídos para todo o Brasil.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Mais rascunho















Comecei um outro lay-out (o outro terminei uma etapa). Este é um estudo de cenário que fiz um ano atrás, acho que vou aproveitar uma parte. Estou testando alguns caminhos, mas já encontrei a feição do personagem. Ou melhor, já convivo com ele há bastante tempo, apenas mudei um pouco o jeito de desenhar. Não posso mostrar ainda. Acho que, pelo cenário, dá para se deduzir alguma coisa.

quarta-feira, outubro 01, 2008

As tarefas


Tive alguns bate-papos com alunos que leram "Os livros de Sayuri". A personagem Sayuri, uma menina de sete anos no início do livro, tem tarefas a cumprir, varrer a casa, lavar os pratos, as verduras, estender as roupas. Algumas crianças de hoje estão tão distante disso, uns chegaram até a pensar que se trata de um hábito de cultura distante. Mas, não faz muito tempo, ajudar nos afazeres da casa fazia parte do cotidiano de qualquer criança, como um membro da família. E muitas das tarefas eram executadas com criatividade e brincadeiras.

O quintal









O quintal era o nosso espaço favorito, meu e dos meus irmãos. E hoje é o espaço que tento resgatar nas minhas histórias. Neste projeto, espero que os pequenos leitores entrem na brincadeira dos personagens.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Faz muito tempo


Vi meus sobrinhos brincando, entretidos. Até me arrependi de não tê-los desenhados, tão bonitinhos estavam de costas. Hoje, eles já cresceram bastante, o menino, que nessa época tinha menos de 4 anos, hoje já está com 13. Mas vejo que as imagens mais importantes continuam comigo. Sempre que preciso vou em busca dessas imagens que me ajudam a ilustrar.

Gato







Este desenho fiz para uma pessoa que faz parte de uma associação que cuida de animais. Se você encontrar alguém vendendo uma camiseta com essa estampa, compre e irá ajudar cães e gatos abandonados.

terça-feira, setembro 16, 2008

O processo de criar

Estou tentando montar um boneco (lay-out do livro), um projeto que eu vinha escrevendo o texto há um certo tempo. Ao juntar as primeiras imagens, já vi que posso cortar quase metade das palavras. Não é só uma questão de cortar. Uma imagem pede uma outra frase, preciso rever tudo. E o desenho das personagens? A técnica... aquarela ou guache? Colorido, preto e branco, ou uma mistura? E dá uma vontade de tomar um café, ver se tem e-mail, papear com alguém; seria bom se ficasse com vontade de arrumar a casa, mas isso não acontece. Quem sabe procurar uma outra idéia... um outro projeto não será mais fácil? Assim acontece sempre. Mas, talvez o prazer esteja justo nesse desafio.

sábado, agosto 30, 2008

Ilustrações












Para o livro "O caminho das asas"(2007) de Fabrício Conde.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Imagens da Bienal




















Este ano, tive muitas surpresas boas durante a Bienal de São Paulo. Vejam, eu e minha irmã Emília em frente ao painel gigante da Editora Cortez. No Salão de Idéias, conheci a Fernanda Takai e o Ricardo Soares foi quem conduziu a conversa; e no "Espaço Universitário", apesar de esperarmos o mediador que não apareceu, eu e as profªs Célia Sakurai e Maria L. Eiko Hatanaka nos viramos para falar um pouco sobre a Imigração Japonesa.
Participei também do "Sarau Jabuti", a intermediação foi do poeta e jornalista Heitor Ferrraz, com quem fiz uma oficina de poesia, uns dois anos atrás. Assisti em seguida ao bate-papo com a Angela Lago, essa autora que tanto admiro. Na foto abaixo, na estande da DCL, a Kiara pronta para a hora do conto. Divertidíssima. E, domingo, último dia do evento, ouvi o escritor Luiz Ruffato falar sobre Cataguases, seu tempo de trabalho como operário, início de sua carreira e o seu processo de criação.

segunda-feira, julho 28, 2008

Um livro maravilhoso

Foi recomendação da Eva Furnari. Assim que o adquiri, li sem pausa, li três vezes A Extraordinária Jornada de EDWARD TULANE .
Na rua Egito, Edward, um coelho de porcelana que pertence à uma menina, vive uma vida tranqüila, admirando a sua própria imagem. Um dia, ele se perde e começa a sua jornada, encontra personagens diversos que faz do livro um dos melhores encontros para o leitor.
A autora é Kate DiCamillo, a mesma de Despereaux e O Tigre, também ótimos livros, editados no Brasil pela Martins Fontes.

quarta-feira, julho 09, 2008

Um clássico




Recebi o livro, Oshaberi na tamagoyaki, de Teramura Teruo e Cho Shinta. Traduzi o título para o português e ficou Ovo estrelado tagarela. A primeira edição foi em 1972 (fukushima-kan, Tóquio). Começa assim:

É uma história de um certo rei, de um certo reino. Todas as manhãs, terminada a refeição, o rei vai até a"Sala dos Cumprimentos". As pessoas do castelo esperam o rei para cumprimentá-lo. E quando o rei chega na "Sala dos Cumprimentos" — Trerrrtet Trorrrot prurrrrup taahhh — toca a trombeta.
Primeiro, é o ministro quem cumprimenta:
— Majestade, bom dia. Parece muito bem, isso é ótimo.
— Ah, sim.
Em seguida, a vez do comandante dos guardas do castelo.
— Majestade, bom dia. Os guardas estão todos bem e protegem o castelo.
— Ah, sim.
A seguir, vem o professor de "estudos".

Entendi porque virou um clássico e as crianças continuam gostando tanto. Esse rei cumpre os cerimoniais, assim como a criança que precisa cumprir alguns deveres no dia a dia. Ou seja, o autor colocou no rei, características que uma criança se identifica de imediato. Quando o cozinheiro vem cumprimentá-lo, o rei faz o pedido do seu jantar — ovo estrelado, que é servido com salada, sopa, maçã, morango, café, leite, biscoitos, chocolate e... chicletes! Mais adiante, esse rei termina a lição da manhã, abre um enorme bocejo, sai para dar uma volta no castelo e diz:

— Brincar é o mais divertido... Bem, vamos dar uma corrida por todo o castelo.

E, nesse passeio, uma travessura — o rei solta todas as galinhas. E se diverte vendo os guardas correndo atrás das galinhas, sem contar para ninguém que foi ele quem as deixou escapar. Mas, quando ele vai comer o ovo estrelado, esse ovo fala, revelando o que o rei tenta esconder. Será que a galinha guardou o segredo do rei dentro do ovo?

sábado, junho 21, 2008

Uma cena e Três desenhos




Acho que todo autor gosta de saber quais as passagens do livro que os seus leitores mais gostaram. Às vezes tenho essa resposta pelos trabalhos realizados nas escolas. Cada criança escolhe uma cena. Entre muitas imagens, selecionei três que representam a mesma cena do livro" Lin e o outro lado do bambuzal". Lin, filhote de raposa transformado em menino, ouve Yumi tocar flauta; são trabalhos dos alunos do 4º ano, do Colégio Pioneiro.

quinta-feira, junho 12, 2008

Presentes de seda

Além da sua generosa hospitalidade, Neide Medeiros me presenteou com três haicais. Um para cada conto que compõe o livro " Histórias Tecidas em Seda".
Em agradecimento, fiz esses sumiês para cada um dos haicais.



Vestido de seda
o pássaro do poente
cruza o azul do céu.







A flor solitária
deixa cair uma folha
na página em branco.
















Flores muitas flores
se diluem na paisagem
do Reino das Nuvens.

(Neide Medeiros Santos)

sexta-feira, maio 23, 2008

Álbum de família



Quando meu pai era moleque, chegou a fazer negócio com um vizinho, trocando um burrico por uma máquina fotográfica velha. E levou bronca do meu avô, pai dele.
Não sei se essa máquina era a mesma que ele usava para tirar nossos retratos, mas algumas cenas ficaram registradas. Como essa em frente à nossa casa de Asahi -1966.
Quem quiser ver mais, entre no meu site: http://www.luciahiratsuka.com.br
e vá para "artigos".
Conto um pouco desde a vinda dos meus avós para o Brasil.

quarta-feira, maio 07, 2008

Oficina- A arte do sumi


Dia 10 de maio, sábado, das 11:oo às 13:oo hs.
Local: Livraria Novesete
Rua França Pinto 97 Vila Mariana
A idéia é mostrar algumas pinceladas do sumiê e os participantes poderão experimentar essa tinta à base de fuligem vegetal.

Quem for conhecer a livraria por esses dias, poderá ver algumas das ilustrações dos livros mais recentes.
Depois da oficina, estarei autografando os livros.

Dois livros




Pode parecer que são três livros. Mas são dois.
O da esquerda "Os livros de Sayuri", é uma história inspirada em uma conversa de família, uma cena triste e poética ao mesmo tempo, que foi aos poucos crescendo como um projeto de livro.
O outro "Festa no Céu/Festa no Mar" traz duas lendas, uma brasileira e outra japonesa, cada uma começando de um lado.
Espero que os leitores descubram os vários sabores dentro desses livros.

Mochi e manju para boa sorte


No sábado passado, dia 03 de maio, estive lançando na livraria Casa de Livros, dois títulos:"Festa no Céu/Festa no Mar" (DCL) e " Os livros de Sayuri" (SM). Os meus amigos, Márcio Watanabe e Mário Brito, prepararam os mochis (que estão no centro); segundo a tradição japonesa isso traz boa sorte. E os manjus avermelhados simbolizam uma ocasião de comemoração.

quinta-feira, abril 17, 2008

Ilustração que ficou de fora










Acho bonito os bules de cafés antigos e fiquei tentada a colocar essa imagem na abertura de um dos capítulos do livro de Sayuri. Até me lembro que em casa tinha um, verde, com detalhe de uma flor. Mas essa imagem ficou de fora, encontrei uma outra mais adequada para o capítulo.

Sobre "Os livros de Sayuri"


Essa história se passa no interior de São Paulo, durante a segunda guerra. Apesar de ser uma ficção, minha mãe me ajudou muito com os seus depoimentos, tanto para escrever, como para ilustrar.
Soube que alguns lampiões eram improvisados com garrafas, os colchões eram feitos de palha de milho desfiado.
E eu, que me lembrava de ter brincado com latinhas vazias, caixinhas, vidros, pensei em colocar a personagem brincando assim. Mas, nessa época, esses objetos eram preciosidades para quem morava no sítio, usados como utensílios. Quando iam para a roça, minhas tias levavam o almoço numa latinha de manteiga.
Brinquedo? Folhas, sementes, sabugos de milho... Afinal, imaginação nunca faltou.

quarta-feira, abril 09, 2008

O carvão



Bem-te-vi

A minha sobrinha, de 9 anos, um dia veio me mostrar um desenho feito em lápis, imitando o jeito do sumiê. E, numa oficina, um garoto perguntou se poderia usar algum outro material para essa técnica. Eu expliquei que ele poderia assimilar a simplicidade.
Dessas duas conversas, eu mesma fiquei com vontade de fazer essa experiência. Usei o lápis 8B que é um grafite-carvão. A tinta sumi também é um carvão, porém líquido.

quarta-feira, março 19, 2008






Flor de Pinheiro

Neste semestre, estarei participando de algumas oficinas e eventos. Já adianto que alguns são para mostrar um pouco das pinceladas do sumi, tinta à base de fuligem vegetal, em desenhos e ideogramas.